Atividade do 53º CBPC/ML abordou a tecnologia como oportunidade de criar novos modelos de negócios

Inovação digital impacta todos os segmentos e na saúde não é diferente. A inclusão de novas ferramentas e soluções facilita os processos de saúde e muda o cenário ao redor do mundo. Carlos Alberto Ballarati, ex-presidente da SBPC/ML, falou sobre as tendências da medicina laboratorial durante atividade no primeiro dia do 53º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. 

O número de dados gerado todos os dias é elevado e muda a maneira dos hospitais, planos de saúde e laboratórios se relacionarem. A tecnologia está criando modelos de negócios, que permitem acesso à saúde com mais agilidade e eficácia e apontam novas tendências para este setor que podem facilitar a vida, de acordo com as expectativas do consumidor. 

A telemedicina, gerenciamento de doenças crônicas, a utilização cada vez maior de serviços como home care e a medicina personalizada, são alguns exemplos do uso elevado da tecnologia. Diante deste cenário existe o desafio: como fazer a população, que está envelhecendo, ser engajada nas novas ferramentas digitais?

Ballarati aponta que no futuro deixaremos de tratar a doença para tratar a saúde e comenta que a medicina preventiva, através do conhecimento genético do nosso corpo será personalizada, mas complementa que isto já começou a acontecer. O consumidor também mudará e será necessário entender e fazer a adequação para este novo indivíduo que se relacionará com estas novas tecnologias. 

A mudança para os ecossistemas da saúde baseados em laboratórios digitais SMART depende de vários pré-requisitos para o sucesso. Processos inteligentes, integração de big data e gerenciamento de dados em tempo real são alguns elementos-chave do laboratório digital inteligente.

“A transformação também acionará novas interfaces homem-máquina e seremos os guardiões do novo ecossistema. Existirá mudança da população de pacientes, do cérebro para o loop cerebral, testes de acesso direto, robôs e automação total de laboratório, tecnologias verdes e habilidade”, comenta o especialista.

Os biobancos preservam amostras biológicas para uso futuro que podem incluir transfusão e transplante. Com a capacidade fornecida para a conservação de dados biológicos, os biobancos tornaram-se indispensáveis para os cientistas da vida e do meio ambiente e biotecnologistas

As necessidades educacionais dos profissionais de laboratório, a comunicação, a relação entre profissionais e clínicos de laboratório, o papel das sociedades, científicas de medicina laboratorial precisarão se adaptar com o novo cenário.

Gustavo Guimarães, Diretor de Análises Clínicas do Fleury, destacou resultados da aplicação do Quality Inteligence

A análise de dados nas corporações refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte a gestão de negócios, melhorias de operações técnicas e geração de valor.  

A prática tem se tornado prioridade, inclusive no setor de análises clínicas, na busca da otimização dos processos. Por isso, o assunto foi tema do Curso “Como trabalhar a visão e operação “além do convencional’ em ações de melhoria de operações técnicas?”, realizado no dia 23 de setembro, durante a programação pré-congresso do 53º Congresso de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. 

Gustavo Stuani Guimarães, Diretor de Análises Clínicas do Grupo Fleury, foi responsável por expor aos participantes o processo de introdução desta prática na corporação. Ele afirma que os dados devem oferecer estatísticas e comparativos de maneira fácil e óbvia sempre com o objetivo final de melhorar o atendimento ao paciente.

“É preciso contar uma história através dos dados, mas não precisamos de análises complexas”, explicou. 

Guimarães destacou ainda, que a transformação digital trouxe à luz diversas ferramentas que podem ser utilizadas para análise de dados e cita o Excel como um modelo simples e acessível.

“Não existe uma ferramenta ideal, mas sim uma adequada para cada corporação”, completou. 

Maurício Guerino, responsável pelo setor de Quality Intelligence do Grupo Fleury, reforçou a importância de envolver os colaboradores da corporação no processo de análise de dados e de considerá-los como clientes internos.

“Este foi o motivo pelo qual decidimos rebatizar o programa de Business Intelligence para Quality Intelligence, pois observamos que trouxe mais aderência dos profissionais”, afirmou Maurício.

Os especialistas compartilharam alguns dos resultados observados na corporação após a implementação de medidas baseadas na análise de dados. Dentre elas destacam-se: a redução do tempo de reuniões para análise de indicadores e a suspensão de 6 indicadores que não eram utilizados. 

Guerino ressaltou que a análise de dados é uma grande oportunidade de fazer um benchmarking e compartilhar as experiências nas corporações.

“Para colocar em prática são necessários dados, liderança e know-how”, afirmou. 

Para saber mais sobre o assunto, acesse o artigo disponibilizado pelos especialistas.

O curso pré-congresso enfatizou o conceito

Maria Lúcia Rabello, farmacêutica bioquímica e especialista em gerenciamento de riscos, fez a abertura do curso “Gestão de Riscos e Segurança dos Pacientes” enfatizando a importância de sensibilizar o conceito de gestão de riscos para atingir os resultados. A especialista ressaltou que o risco é parte do dia a dia de todos e que estamos sempre sujeitos a positivos ou negativos, diante das incertezas que temos para viver uma vida com mais qualidade.

O curso teve como objetivo disseminar a cultura voltada para os riscos, dar amplitude e profundidade para os sistêmicos e empoderar a governança para o gerenciamento dos riscos e segurança dos pacientes. 

O não gerenciamento dos riscos tem um impacto direto e indireto na segurança dos pacientes, nas pessoas envolvidas, no meio ambiente, na reputação e sustentabilidade do empreendimento.

“É importante que a gestão de riscos, sejam eles ambientais, ocupacionais, legais/jurídicos ou da segurança da informação, não fiquem apenas no conceito e saia do papel, do treinamento e passe para a empatia. É necessário envolver todo o grupo de profissionais do laboratório”, comentou Elaine Faria, Gestora da Qualidade e Segurança do Laboratório Santa Izabel. 

Ser tratado com respeito, dedicação, humanidade e sem preconceito por todos os colaboradores é direito de todos os pacientes, assim como ser identificado e tratado pelo nome e sobrenome e não por códigos ou números. A privacidade, individualidade e integridade física devem ser asseguradas em qualquer momento do atendimento. A executiva afirmou ainda que a segurança deve ser um pré-requisito e não uma norma. 

“Comprometimento da Alta direção” foi a palestra ministrada por Adriano Basques, coordenador do comitê de informática laboratorial da SBPCA. O executivo falou sobre a importância do comprometimento da alta direção do laboratório com o planejamento estratégico, as aplicações, governanças, boas práticas e políticas de proteção dos dados para evitar vazamento de informações, já que cada vez mais os laboratórios precisam cuidar dos dados internos e dos pacientes. A falta de planejamento e a ausência do gerenciamento dos riscos impactam no atingimento dos resultados.  

A nova lei geral de proteção de dados (LGPD) que entrará em vigor no próximo ano, criará multa por vazamento da informação e exigirá o tratamento de dados pessoais, inclusive em meios digitais, com a finalidade de proteger os direitos individuais e fundamentais da privacidade.

O prazo para adequação se encerra em 16 de agosto de 2020.  O tratamento dos dados pessoais somente poderá ser realizado se estiver em conformidade com uma das bases legais previstas na lei. A lei apresenta relevantes princípios para nortear o tratamento de dados pessoais, como finalidade adequação, necessidade e transparência. As empresas devem adotar medidas de segurança, governança e boas práticas.

A base de dados é o ativo mais importante para os negócios de uma empresa. E é através da governança da informação e dados que uma organização poderá alavancar informações, desenvolvendo estratégias e políticas que otimizam e protegem os dados, desde a coleta, tratamento, armazenamento e descarte. A governança leva em consideração as políticas da empresa, os processos, a organização, gerenciamento de riscos, tecnologia aplicada, a qualidade dos dados e as práticas regulatórias.

“É necessário entender a importância da oficialização dos dados. Quais são os dados “oficiais” ou “oficiosos” para fazer a governança”, afirmou Elaine Faria.

A empresa pode ter o melhor sistema, práticas e políticas, mas existem pessoas no processo e é preciso considerar o fator humano para alcançar os resultados. Os profissionais precisam ter o pleno entendimento das regras, aplicar a teoria na prática, serem sensibilizados para cumprir todas as etapas do processo e seguir as determinações da empresa. 

O Biomédico Roberto Joji Kimura,k ressaltou a importância de criar uma “Cultura Justa” para que os profissionais da linha de frente sintam-se confortáveis relatando erros, por exemplo, já que mesmo profissionais competentes cometem erros. Para pôr em prática esta cultura, a empresa deve fazer o monitoramento dos processos de riscos, mensurando consequências, uso de procedimentos inadequados, normatizando de forma clara e objetiva as punições para as violações e deixando claro para todos qual é o comportamento não tolerado. Entretanto, cabe ao profissional estar alerta aos seus limites, ser gestor de si mesmo, ser produtivo e entender o propósito dela dentro da instituição.

Nos vídeos a seguir você conhece a opinião de congressistas sobre o 52º CBPC/ML . Os depoimentos foram gravados durante o congresso.

Evandro Oliveira, médico (Belém – PA)

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube

Felipe Soares, biólogo (Campinas – SP)

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube

Jéssica Oliveira, farmacêutica (Brasília – DF)

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube

Maurício Farnes, biomédico (Brasília – DF)

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube .

Imagens: André Dissat/DC Press

Confira a opinião de representantes de entidades de classe sobre o 52º CBPC/ML. Depoimentos gravados durante o congresso.

Priscilla Martins, Diretora Executiva da ABRAMED.

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube.

Marcelo Lorencin, Diretor Presidente da LIS Brasil.

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube

Vinicius Biasolli, Diretor Executivo da Controllab.

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube

Fábio Arcuri, Presidente da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL).

Assista o vídeo no canal oficial da SBPC/ML no YouTube

Imagens: André Dissat/DC Press